A comunidade científica perante a pandemia do novo Coronavírus e sua importância no cenário atual

Autor: Francis Junior Rigo Fiorentin – Mestrando em Genética e Melhoramento pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Coordenador da ABRIC Professor na Associação Brasileira de Incentivo à Ciência – ABRIC.

O novo Coronavírus (nome popularmente adotado) vem modificando drasticamente o comportamento social de pessoas ao redor do mundo. O vírus identificado no mundo científico como COVID – 19 (nomenclatura adotada a doença pela Organização Mundial da Saúde – OMS) e Sars-Cov-19 (nomenclatura adotada ao vírus causador da doença, que significa “Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2”) apresenta sintomas como: tosse, febre, dificuldade ao respirar e fraqueza (sintomas típicos de uma gripe) e que se agrava sem o devido tratamento que ainda está em estudo em todo mundo. Sabe-se pela comunidade científica, que pessoas com problemas respiratórios e cardíacos são vulneráveis ao vírus, além do grupo acima de 65 anos por apresentar doenças e/ou problemas de imunidade.
 
A Província de Wuhan, na China, foi o epicentro do vírus que se propagou rapidamente pelo continente asiático e europeu, atingindo países como Itália e Espanha e que hoje passam por uma situação de calamidade em relação ao setor de saúde, com a grande demanda de leitos e um alto índice de mortalidade em sua população, superando o número de casos da China, onde ocorreu a primeira manifestação do vírus. Mais recentemente, potências como EUA têm seu sistema de saúde sobrecarregado e países como o Brasil passam a seguir medidas de segurança recomendadas pela OMS a todos os países em estágio inicial da doença afim de retardar uma possível crise. Estas medidas foram apresentadas pela comunidade científica que assumiu um importante papel no combate ao vírus. O aparecimento repentino do Sars- Cov-2, faz com que a comunidade cientifica seja a “esperança” no cenário atual e foi assim ao longo dos anos, onde a Ciência apresentou-se como geradora de soluções para grandes problemas que a humanidade enfrentou, ou que esteja encarando ou que venha a enfrentar futuramente. O posicionamento das instituições, governos e o investimento na ciência, torna as situações complicadas para o avanço de possíveis tratamentos da doença.
 
Em território brasileiro, o contingenciamento de recursos para universidades e bolsas de pesquisa, incluindo no campo da saúde, agrárias e outras áreas da Capes e CNPq, impactam diretamente sobre desenvolvimento e a condução de pesquisas fundamentais para todos nós. Mas, mesmo com todos estes cortes, os pesquisadores brasileiros se sobressaíram diante da pandemia da Sars-Cov-2, onde sequenciaram genomas diferentes em casos brasileiros, que auxiliará no desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o vírus. A diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP, Coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) e Integrante da equipe responsável pelo sequenciamento do genoma do novo Coronavírus no Brasil em apenas 48 horas, Dr,ª Ester Sabino, em entrevista à Rádio Brasil Atual, destaca que: “Sem investimentos não vai ter pesquisa e é um investimento que precisa ser contínuo, porque de uma hora para outra, quando você para um tempo e volta de novo, você já está 10 anos atrás. É realmente um ponto chave, não tem como a gente escapar, para todas as áreas a pesquisa é necessária”.
 
Em meio todas as dificuldades onde o inimigo principal é o tempo, cientistas trabalham incansavelmente para construção de uma rede sólida de informações, onde a ciência é a “carro chefe” em boa parte das decisões governamentais, como citado pelo Dr. Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor, ao Jornal Estadão, retratando que: “Mesmo agora, sem dinheiro, estamos agindo rápido, com sequenciamento do genoma do Coronavírus, com a produção dele em laboratório. Estamos respondendo, mas falta recurso. Espero que esse momento sirva para mostrar que a ciência não pode virar fator político. Que lutar contra uma doença não é partido, não é ideologia”.
Em meio a esta Pandemia mundial e a ação de toda a comunidade científica, pedimos para que todos reflitam sobre: Qual é o real valor e importância que estou dando para a ciência?
 
Sem Ciência, não há futuro!

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